Uma imagem que não sai da minha cabeça, quando vai chegando a época de natal, é um bolo de retalhos. Isto mesmo, um bolo que minha mãe fazia com “retalhos” de outros bolos.
É assim:
Quem conheceu minha mãe, lembra dela como pequena empresária, comerciante, a loja da Dona Lourdes.
Mas, antes disso, bem antes disso, quando eu tinha meus cinco ou seis anos, minha mãe era confeiteira. E nós éramos pobres mesmo.
Ela fazia bolos e doces por encomenda em casa, e eu já ajudava. As mãos dela preparavam a alegria de muitos aniversários, casamentos, festas, natais...
Na época de natal e final de ano, ela trabalhava muito, havia muitas encomendas.
Padaria, confeitaria era só em Maringá e estamos falando de uns trinta e cinco anos atrás – opa! ... só quem era rico ia para Maringá, não tinha essa facilidade como hoje.
Telas feitas com cartolina e cobertas de parafina e glacê enfeitavam aqueles bolos que ficavam tão bonitos que se fosse eu, acho que teria até dó de cortar, mas não eram nossos.
Via aquelas obras de arte sair pelas mãos de outras pessoas que iam fazer a alegria acontecer em algum lugar.
E isso eu vi se repetir muitas e muitas vezes...
Mas, a imagem que marcou meu natal de criança era o bolo de retalhos que minha mãe fazia com os restos dos bolos das encomendas. As beiradas ressecadas das massas eram retiradas para que somente a parte macia fosse confeitada.
Minha mãe batia uma massa com o que sobrava dos ingredientes, juntava essas beiradas, umidecia com guaraná e com as sobras de recheios, coberturas das encomendas dos outros, montava um bolo – de retalhos e assim fazíamos o nosso natal.
Triste? Claro que não, éramos muito, muito feliz.
Na vida, nem sempre somos contemplados com o pão-de-ló.
Comendo as beiradas secas da vida, aprendemos que a humildade, é, de fato, um dom de Deus, e que Ele, no momento certo, nos toma pela mão e nos dá o nosso bocado.
E, de repente, aquele bolo de retalhos se torna o melhor de todos, porque Deus coloca nele, pedacinhos de amor, de fé, de saúde, de vitórias, de saudades, de amizade, de paz...
E este bolo é seu! ninguém leva embora.
A tod@s @s Ivatubenses,
meus leitores,
aos que passaram por este blog:
Muito amor a tod@s nós!!!!
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